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21 de setembro de 2010

Caso Dilma venha a se eleger, o começo pode não ser nada auspicioso

Lula e a sua própria biografia

É evidente que Lula não haveria de ficar feliz com as acusações que pesam contra o seu governo, com demissão da ministra da Casa Civil. É claro que ele teme um eventual efeito eleitoral, impedindo “a vitória no primeiro turno”, como alardeia o programa do partido na TV. Mas ele é também arrogante o bastante para achar que a fatura já está liquidada. Por que, então, a fúria, apelando a uma violência retórica que, não sei não, deve ser inédita nos seus quase oito anos como presidente?
O problema aí é sua própria biografia. Está a pouco mais de três meses do fim do segundo mandato e sabe que sai maculado do cargo. Seu governo, nos dois períodos, é impróprio para o consumo ético. Convenham: mensalão, aloprados, dossiê na Casa Civil, dossiês eleitorais, invasão inconstitucional de sigilos, politização da Receita (caso Lina Vieira), associação explícita, sem tarja preta, com Renan Calheiros e Sarney… Já estava de bom tamanho.
As lambanças na Casa Civil vêm coroar todo o resto. Entre os crimes, os cometidos no coração do palácio são os mais graves. Caso Dilma venha mesmo a se eleger, o começo pode não ser nada auspicioso nesse terreno, ainda que a PF decida enterrar tudo antes da posse, num daqueles casos em que o crime fica sem criminosos — e, pois, sem punição. O problema é que ela iniciaria uma gestão que já teria um passado maior do que o futuro.
Por Reinaldo Azevedo

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